A violência infantil permeia a trajetória da humanidade. Ela está presente presente em diferentes momentos históricos, sociais e culturais. Para Engels (1981), o fenômeno da violência é um produto da história.
O dia 04 de junho simboliza a luta contra a violência, principalmente em crianças inocentes vítimas de agressão. Segundo dados da Unicef de 2018, a cada dia, são relatados ao Disque Denúncia, em média, 129 casos de violência psicológica e física, incluindo a sexual, e a negligência, contra crianças e adolescentes.
A pesquisadora da FIOCRUZ, Minayo (1994) refere “(...)trata-se de um complexo e dinâmico fenômeno biopsicossocial, mas seu espaço de criação e desenvolvimento é a vida em sociedade.” Onde “violências”, fazem parte de uma realidade plural, mas que também possui suas singularidades. “Violências” que violam os direitos humanos das crianças e adolescentes.
Apresentaremos formas expressivas e dimensionais da violência: violência direta, violência estrutural, violência cultural, e violência Infrafamiliar.
A Violência Direta é caracterizada por todo e qualquer ato que tenha como objetivo causar dano físico a alguém ou alguma coisa, onde é possível identificar um ator.
A Violência Estrutural, que a partir de contextos históricos, econômicos e sociais, recai sobre a vida das crianças e dos adolescentes, colocando-os em vulnerabilidade, e marcando seu crescimento e desenvolvimento (Minayo, 2006). Tendo três expressões de vulnerabilidade significativas: crianças vivendo e/ou trabalhando nas ruas; o trabalho para sobreviver; e as crianças e jovens em instituições privadas de liberdade. Todas com efeitos devastadores na vida das crianças e adolescentes.
A Violência Cultural, que se apresenta de forma mais sutil, indireta e que perpetua ao longo do tempo. Está calcada em diferenças culturais, étnicas e de gênero e pode se manifestar através da arte, religião, ideologia, linguagens e ciência.
A Violência Infrafamiliar que ocorre dentro do lar. Estudos mostram que as crianças são as maiores vítimas, que diante de sua fragilidade física e emocional se tornam alvos fáceis do poder dos adultos. Sendo vítimas de violência física, sexual, psicológica e negligências.
Leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que ”Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. (Art.5º- Estatuto Da Criança e Adolescente). Surgem exatamente porque os direitos fundamentais da criança e adolescente, vêm sendo violados em nosso país, causando danos irreparáveis ao desenvolvimento saudável da criança ou adolescente.
Entenda cada tipo de violência comuns na esfera Intrafamilar e nas relações interpessoais:
Violência física: É quando a criança geralmente apresenta marcas, escoriações, vermelhidões, hematomas e até mesmo algum membro do corpo quebrado. Muita das vezes esse tipo de violência ocorre, com a justificativa do responsável de que é necessário “educar” “corrigir” e não admite ser uma violência praticada.
Violência Sexual: É praticada sem o consentimento da criança e adolescente, parte do principio o abuso de autoridade perante a criança sendo obrigados a praticas sexuais.
Violência Psicológica: Podemos caracterizá-la como silenciosa, pois é mais difícil de ser identificada. Está relacionada ao o processo de humilhação, xingamentos, e rejeição. São comuns “certas frases como: “não sei por que você nasceu”, você é burra”, você não presta para nada”, você é um atraso na minha vida”.
Negligência/abandono: forma de violência que tem como característica, ato de omissão por parte dos responsáveis da criança, em prover os cuidados básicos de afeto e atenção.
Siqueira Liborni, (1987) coloca que: “O direito à vida reflete hoje a mais importante das reivindicações do ser humano atrás dos padrões do comportamento defensivo, quais sejam: o biológico, quando o ser bate-se pela sobrevivência e procura a satisfação de suas necessidade; e o psicossocial, quando busca a coesão interna e sua própria valorização”.
Vivências sistemáticas de todas as formas acarretam em diversos prejuízos no desenvolvimento da vida adulta, com repercussões graves em diversas esferas: cognitivas, emocionais, comportamentais, físicas e sociais.
Diga não à todas as formas de violência a crianças e adolescentes.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 1994.
MINAYO, MCS. Expressões culturais de violência e relação com a saúde. In: Violência e saúde [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006.
ENGELS, F. Teoria da violência. In Engels. São paulo: Ática, 1981.
Que texto hein? Parabéns